Três momentos em que o café interferiu na República brasileira

Vamos relembrar as aulas de história na escola. Somos o maior exportador de café no mundo. Você conseguiria nos dizer – sem pesquisar no Google – momentos cruciais da história do Brasil em que o café esteve diretamente envolvido? Não precisa ser em toda a história, vamos falar apenas do período republicano. Afinal, lá se vão 127 anos da Proclamação da República – aos trancos e barrancos, mas chegamos lá.

Se não conseguiu lembrar logo de cara, pode deixar que vamos dar uma ajudinha. Hoje falaremos de três desses momentos. Todos ocorreram na primeira fase de nossa República, a chamada “República Velha”, que ocorreu de 15 de novembro de 1889 até a Revolução de 30, que depôs o último presidente desta época.

Claro que não somos historiadores e não queremos fazer uma avaliação dos episódios relatados, apenas queremos mostrar o peso e influência do café na história brasileira.

Entendidos? Vamos ao que interessa!

  1. Política do café-com-leite

Apesar do nome, não tem nada a ver com o latte, pingado, macchiato ou qualquer outro café com leite que você goste. Na verdade, tratava-se de um acordo do governo federal com as elites paulista e mineira para que representantes dos dois estados se revezassem no poder.

São Paulo era o maior produtor de café, Minas Gerais o de leite e através de artimanhas políticas como o coronelismo e o voto de cabresto, eles garantiam a continuidade do sistema.

Por um lado a agropecuária na região Sudeste se fortaleceu muito durante a época, mas as outras regiões foram completamente esquecidas, acentuando os seus problemas.

Ah, claro que os empresários industriais daquela época não gostavam nem um pouco dessa política.

  1. Convênio de Taubaté

A lei da oferta e da procura é bem antiga: se há um produto ou serviço em excesso, o seu valor cai. Foi isso o que aconteceu com o café. Na condição de maior exportador do mundo, a produção do grão era muito, mas muito grande. Tão grande que o excesso fez o preço cair no mercado internacional. Logicamente, isso não era bom para a economia.

Então os governos de Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais se reuniram em Taubaté com os principais cafeicultores dos estados e elaboraram um plano: os governos comprariam os excedentes do café, estocariam e iam liberando de acordo com a procura do mercado. Se a procura era menor do que a oferta, todo o excedente era queimado. O objetivo era manter os preços sempre altos.

Claro que isso gerou rombos nos cofres públicos e foi preciso recorrer a empréstimos estrangeiros, o que gerou mais dívidas. Porém, para os produtores, deu tudo muito certo: o café se manteve num preço competitivo e evitou uma crise econômica ainda maior.

  1. A Primeira Guerra Mundial

A prática de proteção do café não aconteceu apenas uma vez em nossa história. Acontece que, como o grão era o principal produto brasileiro, sua desvalorização também acarretava a desvalorização de nossa moeda.

Em 1917, com a Guerra a pleno vapor, os ingleses suspenderam a compra de café e os americanos diminuíram as importações. Por sua vez, o Brasil resolveu entrar no conflito contra a Alemanha – uma participação pequena, apenas enviando médicos, enfermeiras e alguns aviadores para a Europa.

Mas a produção do grão não parou e os excedentes atingiram seis milhões de sacas! Novamente o governo se viu obrigado a retirar metade delas do mercado e o então presidente Venceslau Brás autorizou a compra de 3 milhões de sacas dos produtores de São Paulo.

A situação voltou ao normal em 1918, com o fim da Guerra e a retomada do mercado internacional aos poucos.

E aí? Lembra de algum outro momento marcante envolvendo o café?

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